Ano passado, antes da pandemia chegar eu estava procurando um carro para comprar na Alemanha. Fui à várias concessionárias, fiz diversos test-drives e aprendi muita coisa que deve ser levada em conta antes de se fechar negócio.
Às vezes, por estarmos em um país novo e não dominarmos o idioma, não nos sentimos à vontade para fazer as mesmas perguntas e negociar o preço como faríamos se estivéssemos no Brasil. O objetivo desse post é para que você possa, com o maior número de informações, tomar a melhor decisão. Por isso, salve esse post no celular e use-o como um “check-list” antes de fechar negócio com o vendedor.
Parte do conteúdo desse post foi escrito por um profissional da área e compartilhado em um grupo do face para ajudar brasileiros que estão ou já passaram pelo processo para tirar carteira de motorista na Alemanha. Aproveite para ler meu post de como tirar sua carteira em 10 passos na terra da batata. Assim, esse post foi adaptado por mim (com autorização do autor) e serve como um guia que abrange os principais pontos que você deve analisar se estiver pensando em comprar um carro na Alemanha.
⚠️Tenha em mente que, quem quer vender o veículo vai deixá-lo impecável, principalmente com a limpeza e polimento. Mesmo assim, dê atenção ao exterior se houver amassados ou arranhões e ao interior. Esse post irá te ajudar a não esquecer dos quesitos mais importantes⚠️
Quando o carro for comprado em uma concessionária, ele vem com 1 ano de “garantia” (Gewährleistung). Se o motor pifar, por exemplo, eles terão que arcar com os custos. Por isso, é importante mencionar, que existe uma diferença entre Garantie (geralmente 2 anos de fábrica) e a Gewährleistung (fornecido pela concessionária). Por esse motivo o preço é mais alto em uma concessionária do que se você comprar de uma pessoa física (venda particular).
O lado negativo de comprar com um “desconhecido” é que se uma semana depois da compra, algo pifar no carro, você não tem como reclamar com a pessoa e terá que arcar com os custos (salvo os critérios inclusos em seu seguro). O meu objetivo era comprar em uma concessionária, mas de uma forma ou de outra, o guia desse post vale para ambos os casos.
Leve sempre uma lanterninha com você que não seja a do celular. Também vá sempre com uma outra pessoa da sua confiança!
Comece pelos vidros: estão riscados ou trincados? Dê a volta no carro inteiro e olhe de diferentes ângulos.
Depois, abra o capô: os líquidos estão de acordo com os mostradores de Máximo e mínimo? Meça o nível do óleo com a vareta. Tem que estar do meio pra cima. Menos que isso? Pergunte se eles podem adicionar óleo (e arcar com o custo para isso!).
Toque nos fios, nos cabos e nas mangueiras e veja se elas estão firmes. Se houver espuma na parte interior do capô e ela estiver em mau estado, pode ser que o carro tenha sido atacado por um Marder (uma espécie de furão). Desse modo, verifique as mangueiras de borracha: elas podem conter buraquinhos feitos pelas mordidas.
Verifique se todos os conectores (Stecker) estão firmes nos seus lugares. Faça isso com todos que você enxergar!
Pergunte quando foi feita a última troca de óleo e filtro, quando foi feita a última troca de Zahnriemen (correia dentada) e se a bateria é nova/se já foi trocada (isso te ajuda a saber quando você vai ter que gastar dinheiro com uma nova).
Terminando o capô, vá para as rodas. Comece olhando os pneus: estão ressecados? Estão gastos? Pergunte quantos mm eles tem. São de inverno, verão ou 4Seasons? Quando os pneus foram fabricados? (Essa informação está na parte de trás dos pneus e todos tem. Não se deixe enganar!) As rodas são de alumínio ou aço? Elas estão muito arranhadas?
Logo após, com a sua lanterna, você tem que verificar os freios (pastilhas e discos).
Veja as fotos abaixo:
Na primeira foto, você pode ver a aparência de um disco de freio desgastado bem como uma pastilha no ponto de troca. Sem examinar muito, você percebe que a pastilha está fina e que o disco está bem arranhado e fino também. Com o dedo você percebe no toque que, na borda do disco, vai haver uma saliência que indica que o disco não é novo. Mas fique atento: um disco de freio em ordem também pode ter essa saliência na borda! Quando for analisar, verifique sempre o conjunto disco-pastilha. A pastilha está muito fina? O disco está muito arranhado, fino, com aparência muito desgastada? Pode ser hora de trocar. O importante é que você verifique sempre qual é a indicação da montadora sobre quilometragem e/ou tempo específicos para a troca destes componentes. Logo, analise esses quesitos nas 4 rodas.
Antes de comprar um carro, verifique o estado das pastilhas e os discos e pergunte quando foi a última troca!
Segunda foto, caso você tenha trocado as pastilhas/disco, verifique se está tudo em ordem: o disco deve ter essa aparência, a pastilha deve ser grossa e tudo deve estar limpo. Não tenha medo de fazer um test drive pra “sentir” a diferença nos freios. Notando algo de errado, não tenha medo de voltar ao local em que foi feito o serviço e pedir uma revisão do trabalho.
Anote todas as informações!
Olhe para o teto do carro! Quase ninguém olha o teto e só mais tarde descobre manchas ou outras coisas desagradáveis…
Sente no carro e peça à pessoa que te acompanha pra olhar as luzes da frente enquanto você liga todas, uma por uma, devagar. Repita o processo atrás, observando também a iluminação da placa do carro.
Dentro do veículo, verifique se os estofados tem algum cheiro estranho.
Verifique quais assentos abaixam, se mexem, e teste todos eles!
Veja se há luz no porta-luvas.
Analise se os espelhos estão trincados e se os comandos deles funcionam.
Verifique as portas estão enferrujadas, bem como as dobras das portas. Na frente e atrás é possível ter ferrugem escondida onde a gente raramente olha. Então olhe tudo!
Veja o estado dos tapetinhos do veículo e tire todos eles pra olhar na luz. Nessa hora, verifique o estado do carpete do carro (que é o que sobra quando você tira os tapetinhos).
Vamos para o porta-malas. Nele, você precisa perguntar onde está a bolsa dos primeiros socorros ou Verbandstasche (e se está vencida! Se estiver, peça uma nova pois andar com ela vencida pode gerar multa). Além disso, pergunte onde está o colete de segurança (deve ter um no mínimo! Ele é necessário caso você precise saltar do carro numa Autobahn por exemplo e com suas faixas refletoras, você não fica despercebido). Em seguida, você deve verificar se há no veículo: uma roda de emergência/um pneu estepe/TMS. Pergunte qual desses vem com o veículo e pesquise na Internet qual você prefere antes de deixar o vendedor dizer qual ele acha que é melhor. Vendedor vai querer ou vender o mais caro ou te dar de “presente” o mais barato. Mas quem decide é você.
Não se preocupe muuuuito com a kilometragem porque ela pode ser facilmente alterada com um computador.
Por isso, faça perguntas sobre o último dono, os costumes dele (se ia só pro trabalho, se era idoso…). Isso diz muito sobre a relação km/ano de fabricação. Mas claro que uma kilometragem muito alta não é nada agradável. Por exemplo, um carro com 180.000km já deve ter recebido as principais trocas e deve ter chegado a um preço acessível.
Pergunte se o dono anterior era fumante. (Se era, há grande chances de ainda ter cinzas espalhadas no carro todo, mesmo que você não veja. Isso dá um cheiro desagradável. Autêntico aroma de cinzeiro… 🤢
Pergunte se os air-bags já foram acionados e pergunte quantos tem e onde eles ficam (vendedor morre de medo dessa pergunta porque ele se enrola se o carro já teve acidentes).
Após, verifique onde está o manual do veículo (você vai precisar um dia, acredite).
Por fim, peça se o automóvel é Umfallfrei (sem acidentes). Se não for, pergunte como foi esse acidente e quais peças tiveram que ser trocadas. (Isso diminui o valor do carro!). E se for, isso deve estar escrito na documentação do carro – verifique!
Feito tudo isso, peça pra dar uma volta com o carro (test-drive). Para isso, o vendedor irá precisar fazer uma cópia da sua carteira de motorista e você precisará assinar um papel que arcará com os custos de +- 1000 ou 1500 Euros caso bater ou arranhar o carro. (Observação: minha experiência é que isso varia muito. Fui à lugares onde não precisei mostrar nada!).
Observe quais luzes permanecem acesas quando você já deu a partida e está em movimento. Para isso, peça pra sua pessoa de confiança ficar atenta a barulhos. Faça muitas curvas para os dois lados (abertas e fechadas) e tente usar todas as marchas. Se possível, vá até 120km/h (ou até um pouco mais se a via permitir) numa Autobahn qualquer. Por fim, veja quais luzes estão acesas no painel.
Em conclusão, se você não notar nada, há grandes chances de o carro estar em bom estado.
Finalmente, não esqueça das questões documentais tipo TÜV (AU/HU). Perguntem até quando o TÜV (é mais ou menos como a vistoria do nosso Detran) do veículo está válido.
Como mencionado no começo do post, eu visitei diversas concessionárias até decidir o modelo do carro ideal. Os meus requisitos eram:
Visitei a Mercedes, Fiat, Volkswagen, Opel, Toyota, Renault e algumas concessionárias multi-marcas pois eu não tinha decidido o modelo e queria fazer alguns test-drives antes. Infelizmente, em nenhuma concessionária considerei que tive um bom atendimento. Em nenhum dos casos recebi uma ligação do atendente dizendo que teria recebido um automóvel que condizia com meus requisitos (mesmo um ano depois). Eu lembro que uma vez mandei email para 16 revendedoras de automóveis com todos os requisitos citados acima e pedindo um retorno caso alguém tivesse um carro que se encaixaria neles. Um ano se passou, e adivinha quantas pessoas me retornaram? Nenhuma. 😬
Isso me desanimou e aí começou a pandemia. Eu não sei se o fato de ser estrangeira influenciou em alguma coisa, mas o meu marido que é alemão, sempre me acompanhou então eu realmente não sei. Já ouvi relatos de alemães que compraram carros novos na Alemanha e tiveram experiências péssimas. Mas não podemos generalizar. Se você encontrar um lugar com bom atendimento, valorize isso!
O final da história é que eu não comprei carro algum, mas pelo menos decidi o modelo que mais me agradou (Seat Ibiza). Uma dica que eu te dou é: não crie expectativas. E se você tentar baixar o preço, pode receber uma cara feia como resposta, mas não custa tentar. Ainda mais se pagar em dinheiro.
Por fim, acho que vale a pena procurar com calma e escolher uma concessionária com um bom atendimento (se você encontrar). É isso que irei continuar fazendo quando decidir finalmente comprar um carro na Alemanha.
Espero que esse post tenha te ajudado. Comente aqui como foi/está sendo sua experiência e envie o link para quem puder se interessar pelo assunto.
Boa sorte! Viel Glück!
Post cedido pelo Raphael SN (muito obrigada!) e adaptado pelo blog Viagem Jovem.
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Em 3 dias você pode conhecer Dresden e alguns outros pontos turísticos que ficam em cidades próximas em uma viagem rápida. Porém, 1 semana seria o ideal para conhecer a região com mais calma.
Leia nesse post minha indicação de roteiro de 3 dias.
Onde ficar
Em Dresden ficamos no Motel One do lado do Zwinger. O hotel é super central, um café da manhã maravilhoso com produtos orgânicos, super limpo, novo, com garagem e atendentes super atenciosas. E ótimo preço! Voltaria a ficar lá em uma próxima vez. Fizemos tudo a pé. Pra mim localização de hotel deve ser perto do centro da cidade para evitar gastos com transporte público ou taxi.
Chegamos na cidade sexta a noite e ficamos até segunda.
Onde comer
Vá até a rua Münzgasse, onde há vários restaurantes de diferentes nacionalidades. Optamos por um australiano com música ao vivo. De lá caminhe até o rio Elba para apreciar a vista da cidade.
Para café da manhã ou café da tarde, vá na na Laden Café, na Kreuzstraße 7, perto da igreja Kreuzkirche.
Uma opção de restaurante perto do hotel com comida típica alemã é o Sofienkeller, Rua Taschenberg 3.
Dia 1:
Após o café da manhã, caminhamos do hotel pelo centro e subimos na torre da igreja Kreuzkirche para ver a cidade de cima. Entrada 4€.
Demos uma voltinha na cidade antiga, ou Altstadt pra rever a igreja mais famosa da cidade, a Frauenkirche, pra subir dela paga-se 10€.
Compramos um ticket de ônibus de turismo para 2 dias por 20€ por pessoa para conhecer 22 pontos turísticos e de quebra tínhamos vários tours inclusos no ticket pelos principais pontos na cidade com guia. Veja aqui.
Valeu muito a pena. Os guias falavam inglês também. Os ônibus passavam a cada 10-15min nas paradas então dava pra se organizar e conhecer várias atrações em 1 dia.
Dica: se você for no verão, não esqueça de protetor solar, água e boné.
As 13h fizemos o tour guiado no Zwinger, as 14:30 emendamos outro tour na Frauenkirche, terminando no Fürztenzug, mural da foto abaixo de 101 metros de comprimento, formado com 24000 azulejos de porcelana Meissen, o maior mosaico de porcelana do mundo! Ele mostra um desfile de diferentes personalidades (em tamanho real) como reis, principes, cientistas, fazendeiros (…) e fica no centro histórico de de Dresden. Ele é tão grande e impressionante que mal cabe em 1 foto só!
Não deixe de fazer um tour lá para aprender sobre sua história.
Surpreendentemente o mural resistiu aos bombardeiros da 2ª GM em 1945 onde apenas 200 azulejos tiveram que ser repostos.
Jantamos no Sofienkeller, pertinho do hotel, muito gostoso.
A noite, às 20h fomos à um concerto de órgão na Frauenkirche por 12€. A programação da semana está exposta do lado de fora da igreja. Vale a pena conhecê-la. Ela é o cartão postal da cidade. Linda por dentro e por fora.
É difícil acreditar que há 70 anos havia apenas ruínas no local. Veja abaixo.
Dia 2:
Como no segundo dia a previsão era de chuva forte, pegamos o ônibus de turismo e optamos por atrações em locais fechados. Começamos com a fábrica da Volkswagen, com um tour guiado pela fábrica.
Dica: Reserve antes online, só conseguimos entrar pois 2 pessoas não tinham aparecido. Durante a visita, acompanhamos a produção do Golf elétrico. Foi bem interessante, ainda mais se você curte tecnologia e carros.
Depois seguimos para a Pfund Molkerei, que abre das 10-15h. Ela foi considerada a fábrica de laticinios mais bonita do mundo já. Aproveite para subir no primeiro andar e experimentar a tábua de queijos de produção regional. Uma delícia!
Fechamos o dia no museu da Matemática, que fica nos fundos à esquerda dentro do Zwinger. Foi bem interessante, com exposição de vários relógios centenários, globos, instrumentos de medição solar de antigamente… Para quem gosta de ciências vale a pena.
A noite, assista uma peça na ópera da cidade ou vá à um conserto de música clássica no Zwinger. Ou se preferir, faça apenas um tour para conhecer a ópera por dentro.
Dia 3:
Dia de conhecer o Schloss Moritzburg (aberto das 10-18h no verão), que fica a 17km de Dresden – super tranquilo pra ir de carro ou ônibus.
Como chegar? Pegue o onibus numero 64 na estação Rigelplatz, salte na estação Trachenberger Platz, salte para pegar o onibus 457 na mesma estação e vá até a estação Moritzburg Schloss. A viagem leva uns 40minutos.
Você pode optar por um bate-e-volta de Dresden com uma empresa de turismo local.
Fizemos um tour guiado de duração de 1:30h com um guia historiador que entrou nos mínimos detalhes sobre a história do castelo. Lá havia centenas de cabeças de veado espalhadas pelo castelo. Antigamente esse era o esporte da monarquia, a caça.
Não deixe de dar uma volta pelo jardim do castelo que é muito bem conservado. E se tiver um tempinho, tome um café na lanchonete de lá para apreciar a paisagem.
De lá seguimos para a primeira fábrica de porcelana na Europa, a Meißen, fundada em 1710.
Um fato curioso é que a porcelana foi na verdade uma tentativa de criar ouro. Acabaram misturando as matérias primas que deu origem a porcelana que conhecemos hoje com argila, quartzo, caulim e feldspato.
Mesmo quem não gosta muito de porcelana deve visitar a fábrica pelo menos uma vez na vida. O tour começa com um video sobre a história da porcelana, depois passamos por várias salas onde aprendemos os processos da fabricação, desde a mistura dos ingredientes, passando pelas forminhas para dar a forma desejada às peças, a secagem no forno e à pintura à mão das peças.
É um trabalho super minuncioso de horas que gera peças únicas e muito valiosas. Você fica de boca aberta ao ver as peças expostas depois no museu mas consegue entender porque os preços são tão elevados. Os detalhes são incontáveis.
Se você tiver a oportunidade, reserve mais um dia na agenda para conhecer Leipzig, que fica a apenas 115km de Dresden e vale a visita.
Se você tem alguma dica relacionada com esse post deixe um comentário 🙂